Você já se sentiu um peixe fora d’água? Fora de contexto? Carta fora do baralho? Tipo aquela situação em que você para, dá uma boa olhada ao redor e diz para seus botões: – O que é que eu tô fazendo aqui?
As possibilidades são muitas, né? Seja em ambientes onde não deveria estar, ou em algum lugar em que você não é bem vindo, seja naquela roda de conversa em que está sobrando. O comum a tudo isso é sempre o constrangimento que nos leva a repensar nossas posições em relação a certos temas ou pessoas. Eu mesmo, em minha adolescência acabei caindo (convenientemente) de para quedas numa boate junto com dois primos meus. Dancei? Não. Bebi? Não. Mas meu sentimento de culpa foi tão grande que acabei saindo como um fugitivo, olhando para todos os cantos em busca dos possíveis olhos que me denunciariam à liderança da Igreja.
Existem situações em que as pessoas não se encaixam perfeitamente onde estão, tipo quando uma criança com seu brinquedo lúdico tenta colocar a peça quadrada no buraco triangular. Estas situações não dizem respeito, porém, a questões particulares, ainda que tenha muito a ver com testemunho. Para que estejamos bem situados, vou contar-lhes uma situação que ocorreu recentemente.
Em um domingo imediatamente após o Dia Mundial do Desbravador, estávamos realizando um evento olímpico entre os clubes. O diferencial e o que é bom neste evento que realizamos a cada ano, é que o sistema de pontuação segue os padrões de camporee, com cada equipe correndo contra si própria, em busca de seus pontos sem precisar competir contra ninguém. Não há primeiro, segundo ou terceiro colocado, pois nesse sistema de pontuação, todos podem ser campeões alcançando os padrões Ouro, Prata ou Bronze. Em resumo: qualquer equipe poderá alcançar a pontuação máxima independente dos esforços das demais e hipótese alguma o sucesso de um determinado clube poderia prejudicar o de outro, ou seu fracasso favorecer alguém.
Apesar de tudo isso e de todos os presentes estarem cientes de que qualquer competição jamais alteraria resultado algum, houveram pessoas que se colocaram indevidamente na posição de fiscais das provas alheias, observando e questionando toda e qualquer mínima ocorrência dos demais Clubes, mesmo sabendo que em nada lhes causaria ônus de pontuação ou vantagem. Claramente agiam no intento de ver as demais equipes prejudicadas em suas pontuações e o faziam desobedecendo as orientações de não se aproximarem do local das provas durante a participação de terceiros. Os questionamentos eram tantos, que chegamos (nós da organização) ao ponto de deixar que falassem sem lhes dar a menor atenção.
Somemos a este caso, algo que ocorre em todo e qualquer evento: rivalidade. Esta palavra difere totalmente de competição – que em muitas ocasiões deixa de ser saudável. Lideranças que incentivam e fomentam a rivalidade entre Clubes, arregimentam ondas de vaias e provocações, alimentando seus egos e considerando tais atitudes como benéficas e bem vistas. A filosofia mesquinha do “meu clube é o melhor”, “meu clube é melhor que o seu”, somada aos gritos de guerra e cantiguinhas provocativas, ao exibicionismo intimidativo e ao torcer pela queda do clube “rival” simplesmente servem para refletir que o ministério dos Desbravadores está contaminado por lobos em pele de cordeiro, indignos de seus lenços e canais de vergonha à Igreja.
O Clube de Desbravadores é uma ferramenta de salvação de pessoas e não uma agremiação de competições, de medida de força e status e muito menos de alimentação do ego de líderes corrompidos e danosos como joio junto ao trigo.
No evento citado, os líderes em questão não estavam buscando a defesa de seus clubes e sim a queda dos demais. Atitudes que caberiam muito bem em clubes navais, clubes de luta, futebol, xadrez ou qualquer tipo de competição, menos no Clube de Desbravadores, que em seu voto preza por sermos amigos de todos e não rivais. Quando a competição deixa o campo do saudável pela mera ostentação de troféus e lugares mais elevados no ranking, tais líderes deixaram o caminho de retidão para provar que definitivamente estão no clube errado.
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Fonte:http://www.mundodasespecialidades.com.br/no-clube-errado/
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